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Tenente Juventino da Fonseca

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1.GENERALIDADE

Juventino Fernandes da Fonseca nasceu no ano de 1864, em Minas Gerais; assentou praça a 30 de abril de 1889, tendo sido promovido a Alferes da Arma de Cavalaria a 3 de novembro de 1894 e a Primeiro Tenente em dezembro de 1907. Neste mesmo ano, o Governo Brasileiro querendo dotar o Exército de um primeiro núcleo de aerostação enviou à França o Tenente Juventino da Fonseca, com a missão de especializar-se em navegação aérea e com a incumbência de adquirir balões e o material necessário para um Parque de Aerostação. Faleceu em 1908, quando realizou o primeiro vôo de balão militar no Brasil.

2.PARTICIPAÇÃO NA PROVA DE VELOCIDADE E DE DESCIDA

Durante a sua permanência na Europa, o Tenente Juventino da Fonseca teve oportunidade de participar de uma corrida internacional de balões. A 15 de setembro de 1907, realizava-se, em Bruxelas, uma “Prova de Velocidade e de Descida” para balões livres, organizada pelo Aeroclube da Bélgica. A Diretoria do Aeroclube, sabedora que havia na França um oficial brasileiro especializando-se no assunto, convidou o Tenente Juventino da Fonseca como representante das AMÉRICAS.

A largada foi feita na presença do Rei Leopoldo da Bélgica e de numerosas autoridades e convidados que, de uma arquibancada especial, assistiram o lindo espetáculo.

Numa deferência ao jovem representante das Américas, o Tenente Juventino da Fonseca foi o primeiro a partir, no balão “RÁDIO-SOLAIRE”. Era apenas o terceiro vôo de balão livre que o Tenente Juventino da Fonseca fazia; depois de subir a 1000 metro e de realizar um vôo de cinco horas, com um percurso de 90 quilômetros, desceu no Castelo de Hoche e conseguiu uma classificação de 4º lugar, entre trinta experientes concorrentes. Ao regressar da Europa, trouxe consigo quatro aeróstatos – o primeiro material aeronáutico adquirido pelo Brasil – e iniciou a montagem de um hangar, em Realengo, junto à Escola de Artilharia e Engenharia,

3.PRIMEIRA ASCENSÃO NO BRASIL

A primeira ascensão do Tenente Juventino da Fonseca realizado no Brasil foi também a única. A ascensão foi realizada no dia 20 de maio de 1908, às 11 horas, na presença do Ministro da Guerra, Marechal Hermes da Fonseca e de altas autoridades militares. O local escolhido foi a praça em frente à Escola de Artilharia e Engenharia, no Realengo.

O balão de 250 metros cúbicos, era de seda Lyon e tinha cor amarelo-palha. A seu bordo, como instrumental e equipamento, havia um barógrafo, um telescópio, um termômetro, duas bandeirolas, telefone para comunicação de terra, enquanto o balão estivesse cativo e víveres. O Tenente Juventino da Fonseca subiu na barquinha do balão e iniciou a ascensão com o balão cativo até uma altura prevista de 200 metros.

Mas, antes de atingir essa altura, o cabo que retinha o balão partiu-se e o balão, liberado, começou a subir rapidamente.

O balão atingiu uma altura estimada de cerca de dois mil metros e, levado por um vento noroeste, deslocou-se na direção da Serra do Barata. Repentinamente, o aeróstato, murchando, iniciou uma queda vertiginosa, vindo a esfacelar-se no solo. O Anuário Ilustrado do Exército e da Armada-Marte descreveu assim a façanha do Tenente Juventino da Fonseca:

“ AO FAZER A PRIMEIRA ASCENSÃO, PARTINDO DO CAMPO FRONTEIRIÇO À ESCOLA MILITAR, PRESENÇA DO COMANDANTE, DA OFICIALIDADE E DE TODOS OS PROFESSORES E ALUNOS DA MESMA ESCOLA, LOGO DEPOIS DE LARGA, SEU BALÃO RAPIDAMENTE GANHOU ALTURA, SENDO IMPELIDO PELO VENTO, NA DIREÇÃO DA SERRA DO BARATA.

REPENTINAMENTE, QUANDO SE ENCONTRAVA A CERCA DE 2000 METROS DE ALTURA, O AERÓSTATO, MURCHANDO, DESPRENDEU-SE EM MOVIMENTO DE CHAVE DE PARAFUSO COM GRANDE VELOCIDADE, VINDO A ESFACELAR-SE NO SOLO, NA SERRA DO BARATA.

O BRAVO TENENTE JUVENTINO DA FONSECA TEVE MORTE INSTANTÂNEA, ESTANDO SEU APARELHO MUITO ALTO, ABRIU A VÁLVULA, AFIM DE DAR ESCAPAMENTO AO GÁS HIDROGÊNIO, PARA DIMINUIR A ALTURADA ASCENSÃO. MAS A VÁLVULA, TENDO SE ENJAMBRADO, NÃO FECHOU MAIS, DANDO ESCAPAMENTO A TODO O GÁS DO BALÃO QUE, VAXIO, PRECIPITOU-SE AO SOLO DANDO A MORTE DO PRIMEITO AERONAUTA MILITAR BRASILEIRO”.

O Exército Brasileiro profundamente chocado com a morte do bravo oficial, decretou luto por três dias. A 21 de maio de 1908, o corpo do Tenente Juventino da Fonseca foi velado na Escola de Artilharia e Engenharia e solenemente enterrado no cemitério do Caju – RJ. No mesmo dia o Ministro da Guerra Dirigiu ao Chefe do Estado Maior do Exército o seguinte aviso:

“Mandei fazer público em ordem do dia dessa repartição o quanto foi sentida, no seio da guarnição desta capital, a morte trágica do malogrado aeronauta e abnegado mártir da ciência e do dever, o Primeiro Tenente Juventino da Fonseca, quando, ontem, no Realengo, ia realizar, cheio de vida, fé e entusiasmo, a primeira experiência com os aeróstatos militares, cujo serviço se achava encarregado.

O desenlace imprevisto, fatal dessa experiência que ocasionou a morte do jovem e desventurado oficial, a todos emocionou profundamente, ferindo acerbamente o coração de seus camaradas, que eram, também, admiradores do seu belo caráter.

O Exército perdeu, com a sua morte, um brilhante oficial, cujo futuro, de certo, seria glorioso.

Dando-vos conhecimento dessa lamentável perda para o Exército, eu vos dou, também, público testemunho da mágoa que me acabrunha”.

 

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